sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Manutenção e vida útil dos materiais

O tipo e a periodicidade de manutenção exigida por um material é função do tipo do material e recorrentemente não se aplica a outros, mesmo àqueles que são empregados em conjunto com este.
Isto dificulta sobremaneira a execução de processos de manutenção adequados já que, nalgumas vezes, produtos destinados a proteger um material prejudicam outro.
Não é incomum a ocorrência, por exemplo, de casos em que, ao se utilizar produtos de limpeza para rejuntes de peças cerâmicas, estas acabam tendo sua face vítrea danificada.

Assim, fica claro que a manutenção dos diversos materiais que compõem uma edificação não pode ser pensada como um conjunto de medidas abrangentes e inespecíficas, já que a utilização de quaisquer produtos, ou a adoção de qualquer técnica deve ser pautada sobre conhecimentos técnicos acerca das propriedades dos materiais.

- Vida útil

A vida útil de um material pode ser definida como sendo a expectativa de tempo que este mantenha um comportamento físico-químico e/ou mecânico que o possibilite a apresentar características muito parecidas com aquelas que apresentava quando em idades mais jovens.

Seja por fatores físicos, químicos ou por uma associação de ambos, os materiais envelhecem, perdendo suas características iniciais.

Tal constatação nos remete a concluir que, assim como os materiais apresentam vida útil, uma edificação, que é composta exatamente por estes materiais, deverá também ter uma vida útil.

Apesar de óbvia, tal conclusão nos remete a outra, mais importante, acerca da durabilidade global das construções: a vida útil de uma obra depende da vida útil dos materiais de fechamento e da vida útil dos materiais estruturais de maneira vinculada.

De fato, um material de revestimento pode apresentar vida útil menor que a da obra sem maiores comprometimentos que não os financeiros.

Basta que se substituam tais revestimentos e a obra não ficará com sua vida útil comprometida.
Por outro lado, o término da vida útil dos materiais que compõem a estrutura de uma obra acaba por determinar o termo da sua vida útil global, ainda que os demais materiais que a componham tenham, ainda, características e propriedades de novos.

Esta constatação pode nos remeter a uma conclusão errônea: a de que os materiais que compõem as estruturas merecem maior atenção.

Na verdade, é inegável o seu peso no que tange a segurança de uma obra. Entretanto, não se deve negligenciar o bom tratamento e o zelo para com os demais materiais que a compõem. Afinal, o custo de manutenção e reparo despendido para a recuperação de materiais de vedação, revestimento ou quaisquer outros que não os estruturais, pode, dependendo do caso, suplantar o gasto original de todo o conjunto.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Materiais de construção civil - manutenção, durabilidade e patologias

Quando uma estrutura, em parte ou no todo, entra em colapso, desconsiderando-se a técnica empregada em sua construção e, a princípio, o fator manutenção e fatores externos gerais como casos fortuitos, uma de duas coisas, ou ambas, devem ter ocorrido: o material empregado não foi adequado ou ele não apresentou a qualidade ou as propriedades dele esperadas.

Analisemos o primeiro caso. Quando o colapso se dá por utilização de material inadequadamente escolhido ocorreu um erro por parte do responsável técnico pela sua escolha, motivado, possivelmente, por negligência ou imperícia.

A negligência, nestes casos, costuma se manifestar na forma de aceitação passiva de materiais escolhidos e adquiridos por pessoas com pouca ou nenhuma habilitação para tal, geralmente o proprietário da obra.

De fato, o proprietário não tem, e nem deveria ter, qualquer tipo de conhecimento técnico que o capacite para tal escolha.

Na verdade, tais escolhas, quando feitas por pessoas desabilitadas, costumam visar unicamente a obtenção de vantagens econômicas e, às vezes, estéticas, sem, no entanto, primar pela preocupação com aspectos técnicos tais como a durabilidade, composição, reologia, resistência mecânica, etc.

O segundo caso, não menos importante, passa a ser mais preocupante, uma vez que a imperícia supõe o desconhecimento das propriedades que regem o comportamento dos materiais.

Agora, se analisarmos a possibilidade de o material empregado não atender expectativas acerca de suas propriedades veremos que alguma falha no processo de produção ou análise deste material, por parte de seu fabricante, deve ter ocorrido.

Em casos assim, não há como fazer a identificação de tais falhas no material, nem mesmo pelo profissional responsável pela execução da obra.

De uma maneira geral observa-se uma tendência de se negligenciar a análise acurada de materiais de construção sem função estrutural.

Isto consiste erro grave já que, sem negar a importância das estruturas numa obra, é ponto de concordância irrestrita que o fator utilização é de extrema relevância, inclusive do ponto de vista estético.

Os materiais de construção civil são inúmeros e de propriedades bastante diversas. E, desconhecê-las pode ser fator determinante no surgimento de patologias na construção.


Segundo Flauzi “a durabilidade de um produto pode ser definida como a capacidade deste manter suas propriedades ao longo do tempo, sob condições de uso”.

De fato, um material começa a perder qualidade, apresentando sinais de desgaste, quando sob condições de uso passa a apresentar, gradualmente ou bruscamente, comportamento incompatível com o esperado.

A durabilidade está irrefutavelmente ligada a dois fatores principais: sua vida útil e a manutenção que o material requer.


(continua)

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Arte e Técnica de Projetar - II

Observância de recuos e poços de luz

Ao se iniciarem os primeiros traços do esboço do projeto, o profissional deve estar inteirado das exigências legais a respeito de recuos mínimos da edificação em relação às divisas, bem como da possibilidade de se construir junto a elas.

Diversos órgãos podem reger tais exigências. O primeiro cuidado é verificar as restrições normativas dispostas no Código Sanitário que impõe como recuo lateral mínimo, para construções térreas de até 4m de altura, 1,50m.

Este é o afastamento mínimo exigido também entre edificações construídas num mesmo terreno, e nas mesmas condições (térreas e não mais altas que 4m).

Para as edificações de altura superior a 4m, ou de mais de um pavimento, o recuo mínimo, de forma geral, deverá ser de 2m.

Entretanto, este recuo não desobriga o profissional de verificar as seguintes imposições:


Afastamento mínimo: h/6, onde h é a altura da edificação. Esta disposição vale também para afastamentos entre edificações num mesmo terreno.

Excetuam-se os corredores que iluminam apenas cozinhas, copas e despensas, que poderão ter 1,5m de largura para edificações de até 3 pavimentos ou 10m de altura.

Neste caso, se a altura for maior que 10m ou a edificação tiver mais que 3 pavimentos, acrescenta-se 15cm no recuo para cada pavimento excedente.

Deve-se observar que tais afastamentos normativos destinam-se a garantir condições mínimas de iluminação e ventilação para a edificação a ser construída, independentemente das dimensões das edificações vizinhas.

O código sanitário estabelece também os parâmetros para os poços de luz:

Para edificações térreas de altura média, nas faces voltadas para o poço de luz, inferior a 4m, o poço deve ter área mínima de 6m2, e largura mínima de 2m.

Para casos de alturas médias maiores que 4m ou em edificações de mais de um pavimento, o poço de luz deverá ter área maior ou igual a h/4.


Obs.: exige-se para estes casos, dimensão mínima de H/4 ou 2m.

Mais uma vez, excetuam-se os poços de luz destinados a iluminar cozinhas, copas e despensas. Nestes casos os poços de luz poderão ter 6m2 em prédios de até 3 pavimentos e 10m de altura.

Deve-se acrescentar 2m2 para cada pavimento excedente.

Em todos os casos, no entanto, a dimensão mínima continua sendo de 2m.

Permite-se que os poços de luz tenham qualquer forma, desde que neles se possa inscrever uma circunferência de diâmetro igual a h/4.

Estes recuos são prescritos pelo Código Sanitário e devem ser observados como mínimos em qualquer caso.

Entretanto, como dissemos, diversas outras exigências podem ser feitas a respeito de afastamentos mínimos.

Estas são, geralmente devidas a códigos municipais, leis de zoneamento ou códigos internos de condomínios privados.

Estes, normalmente mais específicos, costumam ser mais rigorosos, particularmente no que diz respeito a recuos laterais e frontais.

Cabe ao profissional inteirar-se de todas as exigências que deve atender para a implantação do seu projeto, junto aos diversos órgãos que rejam as leis de ocupação do solo na região onde se deseja construir.

Arte e Técnica de Projetar - I

Parâmetros iniciais

Quando se inicia a tarefa de projetar, o profissional deve ter, de antemão, alguns subsídios fundamentais, de cujos principais listamos a seguir:

> Deve-se ter absoluta certeza das dimensões exatas, 'in loco', do terreno a fim de que se possa assegurar a implantação do projeto em sua configuração original.

É comum ocorrerem casos em que o terreno foi invadido em uma ou mais de suas divisas por muros ou paredes das construções a ele adjacentes. Normalmente, quando isso ocorre, os prejuízos acabam sendo mínimos, já que, na maioria das vezes, a extensão da invasão resume-se tão somente à largura do muro.

Entretanto, alguns casos são mais graves e podem culminar em demandas judiciais. É o caso, por exemplo, de invasões, deliberadas ou não, de maior vulto. É o caso, também, de erros acumulativos nas demarcações de obras ou terrenos vizinhos, que acabam por invadir, por vezes, grandes extensões de área, geralmente fora de esquadro.

> Deve-se verificar o relevo do terreno, sua declividade, seu nível em relação à rua, etc.

A verificação de níveis topográficos garante a possibilidade de se desenvolver um projeto mais viável em termos econômicos e estéticos na medida em que pode-se aproveitar o relevo do terreno na composição de níveis dos pisos internos e externos da edificação. Isso evita que se façam grandes movimentações de terra, seja em corte, seja em aterro.

Atualmente, cumpre ao profissional um cuidado extra: observar as exigências legais quanto à declividade de rampas nos passeios públicos, o que influi diretamente no nível da entrada do terreno sobre o qual se implantará a edificação.
Um aclive mínimo de 1% deve ser projetado e implantado no terreno a fim de garantir o escoamento superficial de águas pluviais.

> Deve-se observar, também, a existência de poste de energia elétrica ou árvores defronte o terreno. Isto auxilia na elaboração do projeto uma vez que servirá como um dos parâmetros iniciais.

> Deve-se tomar a posição do norte magnético a fim de utilizá-lo como mais um parâmetro de projeto. Assim, por exemplo, como a região sudeste localiza-se entre paralelos relativamente distantes da linha do Equador, no hemisfério sul, as faces da edificação voltadas para o sul devem ser evitadas para utilização de aberturas iluminantes, particularmente de ambientes de prolongada permanência, como salas e dormitórios, já que devido a essa posição geográfica, a incidência de sol será insatisfatória.